Em uma era de tanta informação e acessos aos mais diversos tipos de tratamentos médicos, a chance de se contrair uma doença sexualmente transmissível é muito improvável, certo? Errado. O número de pessoas com Sífilis aumentou assustadoramente nos últimos anos, o que mostra que, mais do que nunca, a proteção e a educação sobre DSTs é urgente entre todos os públicos e classes sociais. Em outubro de 2016, o Ministério da Saúde reconheceu a Sífilis como uma epidemia no Brasil. Para se ter uma ideia, desde 2010, foram notificados mais de 220 mil novos casos. Somente entre 2014 e 2015, houve aumento de 32% nos casos de Sífilis em adultos no País.
O mais perigoso é que a doença não causa dores em suas primeiras fases, e por isso o diagnóstico pode demorar meses. Além disso, os machucados e lesões causados no corpo podem ser confundidos com alergias e outras lesões mais leves. Isso sem falar no tabu, né? Infelizmente, não temos a cultura de discutir os assuntos mais “sérios” que giram em torno de sexo, como as DSTs, em nossas rodas de com conversa com amigos e parceiros sexuais. Jovens estão deixando de usar camisinha, e essa é uma das justificativas para o aumento considerável da doença nos últimos anos.
Nas últimas décadas, a contracepção e o planejamento familiar esteve mais presente nos hábitos dos brasileiros, mas, em contrapartida, houve uma queda na preocupação com a transmissão de doenças pelo contato íntimo. Depois da superação da epidemia de HIV e Sífilis nos anos 80 e 90, com novos medicamentos e coquetéis de tratamento, pode haver a impressão de que estas doenças são coisas do passado. Outra explicação está na carência da penicilina, medicamento usado para tratar a doença, no mercado brasileiro. O remédio é super barato e acessível, mas, justamente porque é pouco lucrativo, a indústria farmacêutica é pouco estimulada a fabricá-lo.
A transmissão da Sífilis de mulheres grávidas para seus bebês também é um dos riscos diante deste cenário. Em 2015, o Brasil apresentou uma taxa de 6 bebês infectados a cada mil nascidos, índice 13 vezes maior do que o aceitável segundo a OMS.
Ok, o risco existe, mas qual é a melhor forma de se proteger? Deixar de transar? Não é para tanto.
Um exercício de memória, porém, pode cair bem: teve alguma relação desprotegida com novos parceiros nos últimos tempos? Notou alguma reação estranha no seu corpo, como feridas ou ulcerações?.
Dependendo da resposta, vale fazer um exame de sangue para ver se está tudo bem. O quanto antes for feito o diagnóstico, mais fácil será o tratamento. Caso tenha descoberto alguma DST, também é legal também abrir o jogo com os parceiros sexuais mais recentes, afinal o silêncio só cria um estigma ainda maior sobre a doença.