O Brasil vive dilemas e o resultado parece ser a inércia da sociedade, a aceitação das atrocidades propostas pelo governo. Aqueles que defenderam o impeachment da presidente Dilma estão se sentindo traídos, porém, sem forças para lutar contra as propostas do Governo Temer que lhes tiram direitos e reduzem expectativas de futuro. Mas, esse não é o momento de fazer essas reflexões. Governo é governo, povo é povo, e quando o governo não trabalha de verdade para o povo, temos que reagir, afinal somos os interessados.
A Reforma da Previdência irá nos tirar o direito de aposentadoria, minimamente digna, mas temos outras batalhas para enfrentar, como a Reforma Trabalhista que poderá impor jornadas de trabalho exaustivas e reduzir o intervalo para alimentação para apenas 30 minutos. Pior do que isso é a legalização da terceirização irrestrita, aliada ao tal contrato de trabalho temporário que pode chegar a 270 dias, sem que ao final o trabalhador tenha direito à multa do FGTS ou ao aviso prévio de desligamento.
E por que a terceirização irrestrita é ruim? A resposta poderia ser resumida no fato das empresas a apoiarem, ou seja, se o patrão quer, de certo não é bom para o trabalhador. A terceirização prejudica a estabilidade no emprego, aumentando a rotatividade do colaborador, que passa a trabalhar cada vez menos nas empresas. Ao contrário do passado, em que os trabalhadores se aposentavam no primeiro emprego. Hoje, basta olhar as carteiras de trabalho para ver que em dez anos muitos já têm três, quatro, até cinco empregos anotados. Não haverá mais crescimento profissional nas empresas, promoções internas, aumentos salariais por mérito, tudo isso será trocado pela redução de custos do trabalhador para a empresa e a rotatividade passará a ser da empresa de terceirização, trocada por aquela que oferecer o menor custo para o empregador.
O patrão quer aumentar o lucro, a empresa de terceirização também quer ganhar, e aí a questão é a seguinte: quem vai dar esse lucro para eles? Como a empresa de terceirização irá oferecer o menor custo? A conta é cara demais para o trabalhador pagar. Não à terceirização irrestrita!
Lázaro Eugênio
Presidente do SEAAC
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